sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Até algum dia, futuro


Sonhos desmanchados pela realidade, cortados pela metade, deixados pra depois. Vontades desfeitas, algumas guardadas, contidas. Caminho mal feito, rumo desvirtuado, sensação de deslocamento. Passos tortos, pés cansados, mente exausta e incansavelmente na Lua. Idealizações ofuscadas, utopias que são criadas nessa mente sonhadora. Planos evitados por conta do amanhã incerto, do imprevisível.
E se não fosse por tudo isso, como e onde eu estaria agora? Minha vida não passa de um amontoado de coisas acumuladas que estão numa espera para serem realizadas. Eu também estou esperando, ainda não me realizei. Não existem prazos, mas a medida que as horas, os dias e o meses passam eu sinto que já deveria ter cumprido algo. Podia jurar que tinha plantado o suficiente, para colher o que me daria forças para continuar. Os ponteiros do relógio correm e traz a impressão de que o atraso é companhia. Ando com a rapidez dos segundos nessa pista extensa, mas não consigo alcançar lugar algum, não tem espaço onde eu gostaria de estar, não pra alguém como eu, que se vê despreparada e dá pausas pra tomar uma dose de desgosto pelo desperdício. Sou eu que estou perdida ou é o tempo que é perdido? No despertar da dúvida e na falta de resposta, eu percebo que não fui feita pra viver com a pressão do mundo. Tudo o que quero está dentro de uma gaveta empoeirada, a poeira mostra o tamanho da paciência, e é certo que eu preciso agir antes que tudo isso vire pó. Tenho esperança. Espero mais de mim, mas tenho medo de acabar sendo a minha maior decepção. Se assim for, fracasso pela tentativa.
Às vezes parece tão tarde que eu só quero me sentar em uma cadeira de balanço, observando nuvens andarem levemente no céu, formando imagens que eu poderia rabiscar. Desenhar o que não fui.