sábado, 10 de agosto de 2013

Você vai. Eu vinho.

O gosto do que vivi com você permanece tão vivo quanto o sabor do vinho que tomei na noite passada, não me esqueci de nada que aconteceu entre os nós das nossas pernas nos lençóis. Estou roxa pela marca das lembranças que tenho, me bateu saudade, então me embriago porque isso é tão necessário quanto o ato de amar. Manchei um pedaço de tecido que já estava sujo como os pratos que me alimentei do seu amor, me lavei quando cai em prantos por não tê-lo presente, me entorpeci novamente e o que não tinha preço eu paguei com os únicos trocados que tinha em um bolso rasgado. Todas as vezes que te encontro em meus sonhos é como se eu revivesse o que tivemos, é como se a realidade fosse essa, como se eu não tivesse outra vida, e assim permaneço adormecida, sem vida com uma memória viva. Mesmo dormindo, ainda estou de pé. Faz tanto tempo que não o vejo fora dos meus devaneios, e cada vez que o nosso distanciamento acontece pela falta de tato, dói como se fosse uma despedida onde minha parte intocável se parte. Parece que você se foi e não vamos mais ser o que fomos, então bebo a saudade - mas não mato a sede, que você deixou desde a última despedida. Em um cálice, eu me calo.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Fiz sem respirar.


Eu morro um pouco a cada ida
O dia de hoje não faz sentido
Uma de minhas partes com vida
Se foi sem levar de mim um pingo

As minhas esperanças são caras
Tenho calmarias passageiras
Dentro de mim só piso em brasas
E partes minhas já foram inteiras.

sábado, 18 de maio de 2013

Retalhos.


Faz mais de um ano e nem o cheiro, eu ainda choro. O toque ainda é sentido, daqueles dedos entrelaçados matando calorosamente a saudade, restou apenas a ansiedade que traz frio. Aquele último abraço foi ficando solto e frouxo, depois disso algo no ar dizia que não haveria mais direção, apesar do trem ter um rumo certo. Uma volta partida onde se retorna sem o coração, que foi deixado lá.
É de se pensar que nada se compara à dor da despedida e não se mede o sofrimento que virá com a distância. Ir com e voltar sem. As mãos soltas e livres não sabem onde se segurar, ver a queda delas depois de apontar o topo do céu e chegar ao fundo sem chão acaba sendo dolorido. Ver o quão frágeis somos diante do amor é de fazer qualquer um cair em prantos, ou adiar as lágrimas até que se compreenda isso. Ficar em pedaços é tê-los espalhados por aí, o restante são marcas e lembranças eternas enquanto você dura. Se esse conjunto de palavras não faz sentido hoje, pode fazer algum dia.
Nada se ajeitou, eu não tomei jeito. Cada dia foi visto e vivido com um pouco de esperança, que há pouco tempo reacendida. Gosto de pensar que é natural passar horas imaginando coisas quase utópicas e servir como distração de tudo. Acontece que eu sonhei com isso todos os dias e algo me disse que tal insistência se tornaria real por acreditar e então eu vi, juro que vi aquele abraço sendo dado novamente. Já faz tempo que espero e não tenho pressa alguma, pois (você) é algo que esperaria a minha vida toda.

terça-feira, 16 de abril de 2013

De partida, sem despedida.

Os olhos fundos e marejados, a ressaca nem passou porque não veio. A aparência cadavérica, sem vida e castigada pela tristeza resolveu ficar. Não tinha mais cor, era pálida e tinha os dedos magros. Ficou frágil, em preto e branco. Suspirava a cada cinco minutos, esforço que já parecia muito e não aliviava em nada. O sorriso foi transformando-se em um risco na face, depois disso não se abria mais, fechou-se. Foi morrer longe, se deixando sentir a brisa do vento que invadia o seu esconderijo, aquele resto de ar foi uma das poucas coisas que a manteve viva, a última visita que recebeu. Não deixou uma carta e nem viu o fim do mundo chegar, acabou-se ali. Ela partiu, foi em pedaços e pede perdão por ter se deixado levar.