terça-feira, 16 de abril de 2013

De partida, sem despedida.

Os olhos fundos e marejados, a ressaca nem passou porque não veio. A aparência cadavérica, sem vida e castigada pela tristeza resolveu ficar. Não tinha mais cor, era pálida e tinha os dedos magros. Ficou frágil, em preto e branco. Suspirava a cada cinco minutos, esforço que já parecia muito e não aliviava em nada. O sorriso foi transformando-se em um risco na face, depois disso não se abria mais, fechou-se. Foi morrer longe, se deixando sentir a brisa do vento que invadia o seu esconderijo, aquele resto de ar foi uma das poucas coisas que a manteve viva, a última visita que recebeu. Não deixou uma carta e nem viu o fim do mundo chegar, acabou-se ali. Ela partiu, foi em pedaços e pede perdão por ter se deixado levar.

2 comentários:

  1. ''e pede perdão por ter se deixado levar.''

    Sempre peço perdão por isso, mas logo volto atrás.


    Tanta melancolia nessas tuas palavras, que me dá vontade de chorar.

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  2. Que texto mais lindo! Poder se despedir das coisas que vão passando na vida é muitas vezes um privilégio...
    Abraço!

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